«Leio na vida de Santo Inácio um diálogo entre o fundador dos Jesuítas e o padre Lainez que é profundamente esclarecedor:
- Se Deus, pergunta Santo Inácio, lhe propusesse este dilema: ir agora mesmo para o céu assegurando a sua salvação, ou continuar na terra trabalhando pela Sua glória e comprometendo assim cada dia a salvação da sua alma, o que escolheria?
- O primeiro, sem dúvida, responde o padre Lainez.
- E eu, o segundo, replica Inácio. Como acredita que Deus vá permitir a minha condenação, aproveitando-se de uma prévia generosidade minha?
- Se Deus, pergunta Santo Inácio, lhe propusesse este dilema: ir agora mesmo para o céu assegurando a sua salvação, ou continuar na terra trabalhando pela Sua glória e comprometendo assim cada dia a salvação da sua alma, o que escolheria?
- O primeiro, sem dúvida, responde o padre Lainez.
- E eu, o segundo, replica Inácio. Como acredita que Deus vá permitir a minha condenação, aproveitando-se de uma prévia generosidade minha?
*
Estou, é claro, com S. Inácio. Estou pelo risco e contra a segurança. Sou pela audácia e contra o comodismo. Julgo mais humano o atrevimento que a renuncia sistemática ao combate.
O risco é a parte substancial da condição humana. Não se pode fazer nada de sério neste mundo sem se expor, muitas vezes ao fracasso. E a única maneira de não se equivocar – ou de se equivocar sempre – é renunciar a toda a aventura por pura covardia.
Creio que a obsessão pela segurança é um dos mais graves obstáculos para a realizar uma vida. Não excluo, claro está, a prudência, a reflexão antes da acção, o saber escolher as melhores circunstâncias para a empreender. Mas a falsa prudência que acaba por ser paralisante é insuportável.
Por isso sinto pouca simpatia por aqueles que colocam a segurança como o maior valor da vida. Às vezes vêm jovens interrogar-me sobre a sua vocação e perguntam: como estarei eu “seguro” que Deus me chama? A estes respondo invariavelmente: não tens vocação e nunca a terás enquanto partires do conceito de segurança. Em toda a vocação, em todo o empreendimento há uma componente de risco. E o que não for capaz de se arriscar um pouco por aquilo que ama, é porque não ama nada. Todas as grandes coisas são inseguras; vêem-se por entre as trevas; é necessário avançar para elas por terreno desconhecido; por isso, toda a vocação, toda a empresa séria, tem algo de aventura, de aposta. E implicam audácia e confiança.
Não estou apostando naturalmente na irreflexão, na frivolidade, no aventureirismo barato. O que quero dizer é que todo o amor supõe um salto no escuro: a gente lança-se para aquilo que ama e está certo que esse salto não será uma loucura, porque ninguém se engana quando vai para aquilo que merece ser amado.
A vida merece ser amada. E merece-o apesar de sabermos que nela haverá muitas quedas e muitos tropeços. Mas quem tiver medo de tropeçar alguma vez, não se levante da cama pela manhã. Assim evita sofrer. Porque já está morto. »
O risco é a parte substancial da condição humana. Não se pode fazer nada de sério neste mundo sem se expor, muitas vezes ao fracasso. E a única maneira de não se equivocar – ou de se equivocar sempre – é renunciar a toda a aventura por pura covardia.
Creio que a obsessão pela segurança é um dos mais graves obstáculos para a realizar uma vida. Não excluo, claro está, a prudência, a reflexão antes da acção, o saber escolher as melhores circunstâncias para a empreender. Mas a falsa prudência que acaba por ser paralisante é insuportável.
Por isso sinto pouca simpatia por aqueles que colocam a segurança como o maior valor da vida. Às vezes vêm jovens interrogar-me sobre a sua vocação e perguntam: como estarei eu “seguro” que Deus me chama? A estes respondo invariavelmente: não tens vocação e nunca a terás enquanto partires do conceito de segurança. Em toda a vocação, em todo o empreendimento há uma componente de risco. E o que não for capaz de se arriscar um pouco por aquilo que ama, é porque não ama nada. Todas as grandes coisas são inseguras; vêem-se por entre as trevas; é necessário avançar para elas por terreno desconhecido; por isso, toda a vocação, toda a empresa séria, tem algo de aventura, de aposta. E implicam audácia e confiança.
Não estou apostando naturalmente na irreflexão, na frivolidade, no aventureirismo barato. O que quero dizer é que todo o amor supõe um salto no escuro: a gente lança-se para aquilo que ama e está certo que esse salto não será uma loucura, porque ninguém se engana quando vai para aquilo que merece ser amado.
A vida merece ser amada. E merece-o apesar de sabermos que nela haverá muitas quedas e muitos tropeços. Mas quem tiver medo de tropeçar alguma vez, não se levante da cama pela manhã. Assim evita sofrer. Porque já está morto. »
Na esperança que nenhum de vós esteja morto...
E na esperança... Que eu própria ganhe VIDA!!!=)
1 comentário:
"Viver com segurança é perigoso", a vida tem sido perigosamente vivida, corremos o risco de perder o nosso proprio eu e de não nos tornar quem somos.
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