terça-feira, 4 de novembro de 2008
A ti...
E de repente entrei nos teus olhos...
Sinto-te a tristeza, no teu olhar de lágrimas cristalinas que resistes em não verter... Porquê?! Um homem também chora quando perde quem ama. Quando perde o ombro, a companhia...
Foi uma vida em conjunto, com tristezas e alegrias, dois filhos que casaram e tiveram os seus próprios descendentes. Fostes árvores que deram fruto, fostes amigos, criaram uma identidade conjunta de muitos e muitos anos...
Vês-te agora sozinho, como se de repente o mundo te fugisse dos pés e tu sem chão onde cair... Vejo-te cair... Queria estender-te a mão, dizer-te que estou presente, que gostava de te ajudar, mas não consigo... Enchem-se também de lágrimas os meus olhos. Sei que és forte e sei que aceitaste isto como consequência natural do tempo.
Queria amenizar a tua dor e o máximo que consegui foi arrancar um conjunto de palavras que eu sei e que tu sabes que é um mantra de aceitação.
"A mão dela está assim porque não se conseguiu pô-la melhor. Desde que lhe deu a trombose que a mão ficou com aquele jeito."
Como se eu ou como se tu, estivéssemos interessados na aparência da mão dela...
Queria eu que tivesses continuado a falar...
Mas quer eu, quer tu, sabiamos que nada mais havia a dizer...
Eu estava ali ao teu lado e tu ali exausto de dor mas sempre resistente a ela. Portaste-te como um Homem, eu por menos ter-me-ia desfeito em lágrimas.
Eu sei e tu sabes que os nossos destinos são o mesmo que o dela. Eu sei e tu sabes que ainda te resta vida e que eu espero que vivas com muitas alegrias.
Enterraste a mulher que amaste mas ficará para sempre as alegrias que viveram conjuntamente: o vosso casamento, o nascimento dos vossos filhos, o casamento dos filhos, o nascimento dos netos. Ainda que o vosso álbum conjunto tenha terminado, ainda que a vossa história tenha acabado... Tu tens vida.
O meu tributo a ti, tio Artur.
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1 comentário:
Ola. Boa Noite
Um sentimento nobre de apoio por quem se gosta muito, lindas palavras.
Amizade
LUIS 14
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