domingo, 16 de maio de 2010

Certas Setas



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Se o acto de viver pudesse ser representado graficamente, seria algo cheio de setas. Algo como você no centro, representado por um ponto, envolto por um círculo, que seria o universo. E aí haveria uma porção de setas. Umas apontadas do universo pra você e outras partindo de você para o universo. Sim. Porque existem duas maneiras de se viver. A primeira é interferindo no mundo. A segunda é sofrendo interferências dele.

O que mais se vê por aí são pessoas que reclamam da vida. O que menos se vê são motivos para se reclamar. É óbvio que existe muita gente em situação de miséria que não possui os elementos básicos para sobreviver fisicamente nesse mundo. Porém, mesmo a galera que tem esses elementos anda sofrendo espiritualmente mesmo e achando a vida uma bosta. É aí que mora a ausência de motivos. É aí que mora a falta de setas partindo de você para o universo e o excesso de setas vindo em sua direção.

A primeira coisa a se levar em conta é que o sentido das setas é você quem determina. Você pode ter uma atitude passiva em relação a vida e se tornar vítima fácil dos supostos problemõõõõões que aparecem por aí. Ou então, pode resolver moldar a realidade ao seu redor. A segunda escolha é a mais divertida. Você pode deixar a vida simplesmente do jeito que você quiser.

O vestibular no qual você tem que passar pode te encher de setas, te deixar desanimado, depressivo, preocupado devido à dificuldade. Mas você também pode lançar as suas setas e agradecer pelo grande desafio que te foi posto à frente, focar na futura felicidade que você terá com a aprovação e, pimba, ser aprovado. Você pode reclamar devido ao seu chefe chato e encrenqueiro e perder a motivação ao ir trabalhar. Mas você pode também apreciar a situação ao saber que poderá ganhar experiência ao lidar com uma pessoa teoricamente difícil e até tentar fazer com que o chefe mala simpatize contigo, por que não?, e, tchongas, ser promovido. Você pode achar todo mundo chato, porque ninguém nunca será perfeito pra você. Ou você pode se concentrar nas coisas boas que existem em cada pessoa e, cabrum, aprender com elas. Você pode sofrer interferências. Você pode interferir.

Eu sei que tudo isso pode parecer meio teórico-bonitinho-mas-na-prática-é-diferente. Mas, não é não. É exatamente assim que funciona. A vida é do jeito que a gente quer. O que falta para as pessoas lançarem suas setas é unicamente a visualização de objetivos. Tem muita gente vivendo aí sem saber o que quer da vida e até mesmo sem saber que é preciso querer algo para se viver. E por que não sabem? Porque não pensam. O segredo é você sempre fazer análises críticas sobre tudo e chegar às suas conclusões. E aí viva de acordo com as conclusões às quais você chegou. Crie uma identidade e siga-a. Eu sou o Zé e quero ser oftamologista quando crescer pra ganhar muito dinheiro, porque pra mim dinheiro traz felicidade, mas as pessoas acham isso feio. Não importa, você não acha, então seja. Eu sou o João e quero ser professor de Física, mas meus pais acham que vou passar fome e viver sem dinheiro. Dane-se, se você faz o que gosta, será bem sucedido e o dinheiro será conseqüência. É tudo muito simples.

O tempo é curto para ficar se lamentando com coisas supérfluas. A vida é só uma. E se você acredita que tem mais de uma, eu te digo que essa aqui, essa de agora, só tem ela mesmo. Então, não desperdice, amigo. Em síntese: não seja o alvo, seja o arqueiro.

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