quarta-feira, 21 de janeiro de 2009
(Res)Sentimento
Acabo de ler um blog cuja frase de abertura era "Ás vezes é preciso correr meio mundo para nos encontrarmos a nós próprios".
No blog anterior tinha lido qualquer coisa como: e esse homem dobrava-se como que implorando uma moeda aos senhores que saiam do parque de estacionamento.
São dois tópicos que me magoam, a MIM PESSOA, a MIM SER, a MIM que sou menos do que o que poderia ser. E cada vez que percebo isto fico deveras chateada comigo!!!
Os meus dias têm sido aprendizagem, crescimento, caminho.
Hoje levei outra baldada de água fria, percebi que realmente o "deixar no passado o que pertence ao passado" como eu vinha a fazer, (aliás, até nem sei se a frase não será mesmo da minha autoria) não resolve nada e a realidade é que a mochila que trago às costas, que eu julgava leve, sem pedras, de facto está leve, mas tem muitos resíduos, muito pó, muitas âncoras que me remetem a um passado mal resolvido com muito boa gente.
Nunca fui uma expert em relações nem sou, a verdade é uma, apesar de tudo fui crescendo.
Talvez não tanto como vocês, doutorados em relações ou doutorados em relações falsas...
Whatever, cada um com as suas experiências, com o seu crescimento, com a sua vida e com o resultado das suas escolhas.
Eu fiz as minhas, errei algumas vezes, talvez muitas vezes, mas sei porque o fiz, por isso, não os entendo como erros.
Foi a minha vontade.
E... Se cada acção tem uma reacção, colhi o que plantei, às vezes mais, outras vezes menos.
Ninguêm disse que a vida era fácil. ;)
Continuando, hoje senti-me vazia, tenho vontade de pelo menos dizer que errei e pedir desculpas por isso, sinto-me ridicula.
Mas eu sou mesmo assim, radical.
Corto contacto/relações e pronto... Porque é mais fácil cortar.
(por acaso não é... :P =) Nunca se corta definitivamente, isso só acontece com o tempo. E acreditem que mesmo de longe eu vou verificando se a pessoa está bem. É inevitável. Humanidade é isto, é termos sentimentos que são mais consistentes do que as nossas emoções. Mas também já cortei definitivamente, nesses casos não havia 'sentimento' ou foi muitooooo graveeeeeeeeee)
Hoje mais do que nunca, apetecia-me correr o mundo. Apetecia-me ir para bem longe. Eu continuo à procura do meu lugar, continuo sem encontrar.
Sou convidada todos os dias a fazer o bem.
Todos os dias sou e cada vez mais, convidada a ser melhor.
E eu quero ser melhor, mas não tou a conseguir. Sinto-me presa, não consigo sair de mim... É como se eu vivesse numa masmorra. (não sou a Fiona numa torre que o Sherk vem salvar, até porque desta vez tou a falar verdade e sério... Quem diria, eu falo sério... :P)
Hoje alguém me pediu uma moedinha (na realidade foi "empreste-me um euro" e claro que não era para comer e claro que não era para depois devolver e claro que era para droga!), mas a questão não é esta. É todas as vezes que eu não olho nos olhos.
Houve, à coisa de 3 meses, um senhor que me fez ir às lágimas.
Na porta da igreja da Areosa, tava um senhor esfarrapado, com idade que devia rondar os 50 anos. Ele* olhou para mim, porque sentiu movimento. Nos seus olhos vi a tristeza, a profundidade da decandência, a vergonha. Quando olhou para mim tava a lembrar-se "quem eu fui e quem eu sou..." Não faço ideia o que o levou àquela situação, nem tão pouco se tentou a todo o custo não se habituar ao estado de 'desgraçado', acredito que tenha feito tudo e que aquele foi o último recurso.
Era transparente, consegui sentir e perceber o que vivia. Para muitos, ele era transparente de verdade, não se dignavam sequer a olhar. Para eles este mendigo é Resto do Mundo (Gabriel, o Pensador). Mal o olhei ele manteve a mão já estendida e baixou os olhos, como que subjugado pelo meu olhar que não era altivo, mas apenas de curiosidade.
Bateu tão forte cá dentro que os meus olhos se encheram de lágrimas e já nem as moedas conseguia ver, dei-lhe o dinheiro já com dois passos à frente para que ele não me visse naquele estado. (sim, porque eu sou forte!!!)
A verdade é que não o esqueço.
No momento em que lhe dei a porcaria do dinheiro, (que de pouco lhe ia servir, ajudou, espero eu, mas não terminava com o problema) queria-lhe ter dado um abraço e chorado com ele a miséria de que ele era vitima.
Pela verdade que vi nos seus olhos, por perceber a vergonha que ele sentiu...
Queria eu nunca ter vivido aquilo...
Nem nunca sentir o que ele sentiu...
(E espero que entretanto já não haja sobreviventes nesta linha de texto)
Porque tou numa de despejar tudo...
A segunda grande lacuna da minha vida é até à data ainda não ter feito voluntariado em África, ao que me dirão: "mas em Portugal também há pobres" concordo, mas os níveis de pobreza são diferentes...
E sim, tou mais ou menos consciente do que é o 'suborno' do que é uma sociedade sem valores. Como diria alguém que eu conheço: "lá há mais transparência do que cá. Sabes à partida que quem paga consegue, cá é tudo mais disfarçado, encoberto, mas é a mesma coisa!".
Seja como for, preciso disso, preciso vivê-lo antes de morrer.. O fogo mantém-se cá dentro disperto. De cada vez que se fala em pobres tudo despoleta cá dentro.
Adoro viajar, SIM.
Quero viajar pelo mundo, descobrir novas culturas, SIM.
Quero chegar ao final da minha vida e sentir-me útil, sentir que fiz a diferença, sentir que semeiei sorrisos e Amor, SIM QUERO.
TERMINO COM UM: SIM QUERO.
*Nota: fiz o texto assim e nem de propósito, ele e Ele, confundem-se na mesma pessoa.
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2 comentários:
tanto de ti neste texto...por onde começar.
talvez assim "Searching for yourself is like searching of r the house you stand in..."
Somos seres muito profundos mas teimammos em deixar que o mundo nos impinja uma grande atenção com a aparencia, mas a casa que cada um de nós é, tem muitos andares e quartos infinitamente mais belos do que a fachada.
somos todos assim e por vezes, mesmo em relação às relações, deixamos que a fachada seja a base do nosso julgamento, e recusando ver o interior da casa, perdemos tesouros :)
é dificil relacionar com pessoas, mas aprendi à pouco que devemos olhar cada um como se fossemos cooperadores de Deus... se olharmos com um olhar assim poderemos ser uteis a cada um, levar Deus a cada um.
Quanto ás pedras na mochila...podem deixar-te caminhar e correr, mas se te pedirem para subir uma montanha, podes nao conseguir... trazer paz ao passado é trazer paz ao presente também.
Bem gosto de muito de ti és muito especial e estás a caminho como todos, és uma casa muito bonita e com um interior rico...naos escondas esses tesouros de ti, de Deus e do mundo...
Em toda a biblia Deus é relacional...sempre...eternamente
pax et bonum
(desculpa se está confuso)
OBRIGADA Daniel por seres coração e por me aturares tanto.
Tu e a Ana à minha custa vão ganhar o céu... :D:D:D
Um bjinho grande para vocês.
E.. Escusado será dizer que aprendo muito convosco, que cresço convosco, que sou mais convosco e que vocês têm um papel muito importante na minha vida.
Caminhar com Amigos, torna a caminho muito mais fácil de percorrer tornando as dificuldades muito mais suportáveis. Quanto às alegrias, essas partilhadas dá a sensação que o efeito é multiplicador. =)
Abraço em Cristo!;)
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