Nota: José Jorge foi meu professor, mais conhecido por Jójó. Estudamos modelos de Krugman, por isso, é mais um guru da economia, ou deve ser. (Fonte)
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A crise está de volta e os banqueiros centrais continuam de mãos atadas. Os maus resultados apresentados pelos maiores bancos mundiais há umas semanas e a incerteza que se mantém sobre a real situação dos balanços das instituições financeiras, marcaram o tom pessimista dos últimos dias e reacenderam tensões na cedência de liquidez entre bancos.
Rui Peres Jorge
rpjorge@mediafin.pt
A crise está de volta e os banqueiros centrais continuam de mãos atadas. Os maus resultados apresentados pelos maiores bancos mundiais há umas semanas e a incerteza que se mantém sobre a real situação dos balanços das instituições financeiras, marcaram o tom pessimista dos últimos dias e reacenderam tensões na cedência de liquidez entre bancos.
Mas se aceder a dinheiro está mais difícil e caro, já a procura aumentou: por um lado, as pessoas procuram mais dinheiro para as compras e férias de fim de ano, por outro, os operadores financeiros estão a fechar as suas contas anuais, um movimento marcado por procura de liquidez pelas instituições que preferem fechar o ano com aplicações seguras.
O resultado está à vista. Há um mês, Bernanke e Trichet, líderes da Fed e do BCE, celebravam a forma ágil como reagiram à crise em Agosto cedendo liquidez, e evidenciavam a queda dos "spreads" entre a taxa central e as taxas a que bancos emprestam dinheiro. Na semana passada, assumiram que as tensões estavam de volta e, esta semana, a Euribor (a taxa interbancária europeia) atingiu o máximo de seis anos.
O sentimento é tal que, na coluna desta semana no New York Times, Paul Krugman escreve que, "depois de umas breves férias em Setembro e Outubro, [a crise] está de volta com uma vingança", acrescentando: "nunca vi os financeiros tão assustados - nem mesmo durante a crise asiática de 1997".
Este fim de semana, o CEPR e o Banco de França organizaram uma conferência dedicada à banca e à sua relação com os activos financeiros, onde a crise de liquidez dominou as atenções.
José Jorge, professor na Faculdade da Economia do Porto, apresentou, em Paris, um artigo sobre o papel dos mercados interbancários na política monetária. Eis o diagnóstico do professor português: "Os bancos continuam a não a confiar uns nos outros, pois continuam sem saber as exposições aos riscos de liquidez e à quebra de valor nos seus activos. Além disso, desconhecem, também, se as instituições financeiras serão capazes de suportar custos num cenário negativo", diz o economista. Questionado sobre o sentimento vivido no encontro que juntou especialistas de todo o mundo, responde: "o sentimento geral é de grande apreensão".
Empresas já se financiam mais barato que bancos
Cristina Casalinho, economista-chefe do BPI, diz: "já não estamos a falar de uma crise de liquidez, mas sim de uma crise de capital", em que os bancos estão com dificuldade em angariar fundos. O momento, para os bancos, é tal, que algumas empresas já se financiam mais barato que as instituições financeiras.
Acresce ao problema que muitos dos bancos estão a voltar a colocar nos balanços os veículos que tinham criado para as suas operações de derivados e titularização de créditos. Dados os prejuízos que estes veículos registaram nos últimos meses, a inclusão nos balanços está a criar mais tensões. "Ao mesmo tempo que os bancos precisam de liquidez para fazer face a perdas, o mercado está a desacelerar", diz Cristina Casalinho que, no entanto, desdramatiza: "há alguns sinais de maior confiança", sustenta, exemplificando com a recente entrada no capital do Citigroup da agência de investimento de Abu Dhabi.
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1 comentário:
"Os bancos continuam a não a confiar uns nos outros..."
Bandidos pá.. confiem!
:)***
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